Autocompaixão significa ser-se bondoso para consigo próprio como podemos ser para com os outros. É reconhecer que atravessamos um momento difícil, não ignorar as nossas emoções e também não nos julgarmos.


A autocompaixão reforça o bem-estar emocional reduzindo a ansiedade, a ruminação, a depressão e melhora a qualidade de vida e das relações.


Video sobre o que é a Mindful Self-compassion por Kristin Neff:

Mindful Self-Compassion

Receios e ideias falsas relativas à Autocompaixão


Autocompaixão é uma forma de autopiedade

A autocompaixão lembra-nos que toda a gente sofre (humanidade comum) e não exagera o sofrimento (atenção plena), assim não é uma atitude "coitadinho de  mim".

A investigação mostra que as pessoas que praticam a autocompaixão têm maior probabilidade perspectivar os problemas em vez de se focarem unicamente no seu problema. Também têm menor probabilidade de ruminar em como a vida é difícil.


Autocompaixão é fraqueza

A autocompaixão é uma força que oferece resiliência face à dificuldade.

A investigação mostra como as pessoas que praticam a autocompaixão são mais capazes de lidar com situações difíceis como o divórcio, trauma ou dor crónica.


Autocompaixão é egoísta

Quando nos incluímos no círculo da autocompaixão, o nosso sentimento de separação atenua-se.

A investigação mostra que as pessoas que praticam a autocompaixão tendem a ser mais carinhosos e um melhor apoio nas suas relações românticas, são mais susceptíveis de fazer compromissos nas suas relações conflituosas e são mais compassivos para com os outros.


Autocompaixão é autoindulgente

A autocompaixão deseja a saúde de longo prazo, não o prazer de curto prazo (tal como um pai compassivo não deixa o seu filho comer todos o gelado que ele quer mas diz "come os legumes").

A investigação mostra que as pessoas que praticam a autocompaixão têm comportamentos mais saudáveis como praticarem desporto, comerem bem e consultarem um médico com maior regularidade.


Autocompaixão é uma forma de se desculpar

A autocompaixão proporciona a segurança necessária para admitir que erraram em vez de porem as culpas noutra pessoa.

A investigação mostra que as pessoas que praticam a autocompaixão responsabilizam-se mais pelas suas acções e têm maior probabilidade de pedir perdão se tiverem magoado alguém.


Autocompaixão mina a motivação

A maior parte das pessoas acredita que a autocrítica é um motivador eficaz, mas na verdade mina a autoconfiança e leva ao medo de falhar.

A motivação com a autocompaixão nasce dum desejo de saúde e bem estar. Proporciona o ambiente de segurança emocional necessário à mudança.

Pode ser útil considerar o impacto motivacional de uma crítica dura versus um apoio carinhoso para suportar este ponto.

A investigação mostra que as pessoas que praticam a autocompaixão não são menos exigentes, apenas não se autoflagelam quando falham. Tal faz com que tenham menos medo de falhar e tenham maior probabilidade de tentar de novo e persistir nos seus esforços após terem falhado.


Fonte: Christopher Germer & Kristin Neff.  Mindful Self-Compassion. Junho2017. Todos os direitos reservados.

As três componentes da Autocompaixão

Bondade para connosco vs Autojulgamento 

Com autocompaixão, tratamo-nos com bondade, cuidado e compreensão e apoio, exactamente como trataríamos um amigo de que gostamos. No entanto, a maioria das pessoas trata-se mais duramente, dizendo palavras muito cruéis que nunca diriam a  outra pessoa.

A compaixão implica  uma  preocupação com o alívio do sofrimento e a motivação para fazer algo sobre isso. O que quer dizer que há um elemento de acção na autocompaixão, envolve consolar e cuidar de nós de forma activa, fazendo o necessário para nos ajudar em momentos de sofrimento.

Humanidade Comum vs Isolamento

Com auto compaixão vemos a nossa própria experiência de imperfeição como parte duma mais vasta humanidade comum. Reconhecemos que todo mundo sofre, que é normal.

Contudo, muitas vezes quando lutamos ou falhamos, sentimos que algo está errado e que nunca deveria ter acontecido. Isto cria o sentimento de anormalidade que acaba por ser muito isolador, como se o mundo inteiro estivesse vivendo uma vida maravilhosa e feliz mas eu não. 

Atenção Plena vs Sobre Identificação 

Para podermos responder ao nosso sofrimento, precisamos primeiro de saber que estamos a sofrer. A atenção plena permite-nos olhar os nossos sentimentos dolorosos e estar com eles, como eles são.

A atenção plena é um estado equilibrado de consciência. Não suprimimos ou evitamos o que estamos a sentir, nem nos deixamos levar pelo drama do argumento da história (este processo pode ser chamado de sobre identificação).